quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Registro de Viagem à Costa do Marfim: Relato XVIII - Surpresa!


Registro de Viagem: Costa do Marfim

Relato XVIII – Surpresa! –12 de Janeiro (noite) e 13 de Janeira (aurora)

Voltando feliz do trabalho devido à onda de otimismo já relatada e também pelo fato de eu estar indo a um hotel, meu ânimo estava inabalável. Alto astral reinava. Cheguei ao hotel, tirei paletó e gravata, liguei o ar condicionado na potência máxima e fiquei morgando vendo os gols da Copa Africana das Nações. “Depois dos gols, vejo o presidente da Costa do Marfim falar a baboseira do dia, saio pra comprar comida, volto, tomo banho e vou assistir a Tom e Jerry no meu laptop” – pensei despretensiosamente.

O interessante da África é que ela é cheia de surpresas. Fico pensando naquelas namoradas/noivas/esposas que reclamam com seus bofes que eles não fazem mais nada de novo, que “ficaram previsíveis” ou que “a chama apagou”. Bem, a África é o parceiro perfeito. Quando você acha que planejou algo, lá vem ela e surpreende você. No meu caso, a surpresa veio após a TV mostrar o segundo gol do Malauí contra a Argélia. A surpresa foi um blecaute. TV desligou, luz apagou, breu reinou e – o pior de tudo – ar-condicionado já era. Meu celular descarregou, logo eu não podia improvisá-lo como lanterna. Até usei meu laptop durante certo tempo, mas é muito pouco prático. Não havia luar e nem iluminação pública nas ruas. Então, quando falo breu, é breu mesmo. Trevas, escuridão total. Fiquei deitadinho esperando voltar até que adormeci. Acordei não sei quanto tempo depois pingando de suor. Fui abrir a janela e quebrei a cortina do quarto. Enfiei a cabeça pra fora, mas estava quente também (é normal aqui fazer 30º de madrugada). Peguei no piso do quarto e constatei que o azulejo estava friozinho. Fiquei só de cueca, peguei o travesseiro e fui dormir no chão. Dormi profundamente a partir daí.

Ao nascer o sol, despertei. Faminto e imundo (não jantei e nem tomei banho), corri ao banheiro para fazer minha higiene pessoal. A África, mais uma vez conseguiu me surpreender: cadê a água?? Desci as escadas até o térreo (isso mesmo, não tem elevador) e acordei a mulher da recepção.

EU: Moça, cadê água e eletricidade?

ELA: Acabou. Sinto muito.

EU: Mas e aí? Preciso tomar banho e escovar os dentes.

ELA: Não posso fazer nada. Acabou pro bairro inteiro.

EU: Pode, sim. Pegue um balde e me encontre na piscina!

A mulher foi lá pegar um balde com aquela indisposição típica do povo daqui somada ao fato de que acabara de acordar. Peguei a peneira e tirei os mosquitos e folhas de um pedaço da piscina. Quando ela chegou com o balde, enchi o balde com a água da parte que eu havia limpado e subi pro meu quarto.

Estou cheirando a cloro, é verdade, mas o banho foi refrescante.

Deus os guarde.

« Ne vous livrez pas à l'amour de l'argent; contentez-vous de ce que vous avez; car Dieu lui-même a dit: Je ne te délaisserai point, et je ne t'abandonnerai point. » Hébreux 13 :5


6 comentários:

Ligia Cerqueira disse...

Hahahah
Esse é o Natan que eu conheço! Sempre encontra solução pra tudo!

Patricia disse...

Morri de rir qdo li que voce havia dormido no chao! Nada como um azulejo geladinho!!!

Mari Hermanny disse...

OMG!
A água era "decente"? Ou estava meio marrom, verde, amarela... ?
ahuahuahu beijos

Daniel e Gláucia disse...

Ainda bem que está instalado num local mais agradável, apesar do transtorno da água e luz.Você soube se virar direitinho. Beijão!!

Daniel e Gláucia disse...

Pra quem tava morando na favela e dor mindo com o "Cheiroso" vc tá é no céu. Bendita essa piscina.

Chris disse...

Natan!
Acabei de descobrir o seu blog e com o meu tempo livre de um sabadão li todos os registros!
Bom final de aventura le blanc!!
Estou no momento agradecendo meu banheiro, chuveiro, comida, agua!
hahahaha
Beijos
Chris