quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quase no fim

So tenho mais a proxima semana de aula (a proxima) antes de ir viajar ao oeste do Canada para visitar amigos da época em que fiz um semestre de high school la, em 2004. Essa semana ja acabou pra mim, pois amanha - sexta - vou faltar para ir a Nova Iorque (aew!).

Desde que cheguei tento juntar gente pra ir a NY, pois a viagem fica bem mais barata com 4 pessoas no quarto. Mas as pessoas que eu tentava convencer pra vir comigo sempre caiam numa das três opçoes: (1) Ja tinham ido recentemente e queiram ir a outros lugares; (2) Queriam ir, mas nao tinham o visto; ou (3) tinham o visto e queriam ir, mas ja tinham torrado todo o dinheiro e nao tinham como sair de Montréal. O mês foi passando e a sensaçao de que nao daria pra ir a NY (sozinho, a viagem mais barata custaria $270 por duas noites).

Mas...

Conheci um colega brasileiro que nao estava mto a fim de ir, mas sua tia queria que ele fizesse umas compras la e disse q pagava a viagem dele. Entao ficou decidido que iamos nos dois, o que reduziria o preço em 100 dolares. Uma vez na agência, reencontrei um tiozao que tinha ido comigo a Ottawa no dia 1 de julho. Ele disse: "Estou indo pra NY, e vcs dois?". Botamos o seu Ricardo (nome dele) no quarto, baixando ainda mais o valor. A mulher da agência botou uma cara feia pra gente pq ia ter que refazer o processo pra incluir o seu Ricardo no quarto e pra reembolsar o cartao do meu colega.

Qdo ela ja estava terminando, eis que aparece um francês do nada e pede pra entrar pro nosso quarto. Ele tinha meio cara de doido e meu colega brasileiro ficou meio relutante, pois "vai que esse cara é pedofilo!" (sic). Ele se tranquilizou com a informaçao de que o seu Ricardo é ex-sargento e eu sou ex-cadete, assim nos poderiamos protegê-lo caso o francês tentasse algo de engraçadinho. Com a adiçao do francês maluco, o preço ficou em 99 dolares! Isso mesmo! 2 noites no Ramada com café por 99 dolares! Sairemos sexta de manhazinha e voltamos domingo por volta das 22h.

Uia!

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On an unrelated note, uma colega taiwanesa foi me apresentar pros seus amigos japoneses. Ai ele disse: "Ele é Natan". Ao que os japoneses responderam: "o que é um Natan?" Sou eu, peeps. Pô!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

BBQ da escola e avaliações

Ontem teve o churrasco anual de verão da escola, que foi lá no Mont Royal (é uma montanha mesmo). Quase todos os alunos estavam presentes e ouviam-se muitas línguas diferentes, o que foi bem legal.

Cada um tinha direito a um hamburguer, a um cachorro quente, um saco de batatinhas e um refrigerante. O hamburguer até estava gostoso, mas o cachorro quente deixa muito a desejar ao dogão de São Paulo. As batatinhas pareciam isopor açurado (sim, eram doces) e não fizeram tanto sucesso. Contudo, o ambiente agradável do parque favoreceu a prática de esportes.

Os espanhóis jogavam um jogo típico deles que era arremessar uma funda um para o outro, tipo uma peteca castelhana. Havia uns no frisbee e, após um bom tempo arremessando uma bola de futebol americano, apareceu alguém com uma bola redonda para jogar o futebol com pé mesmo. Juntamos as latas de lixo de forma a fazer dois gols e começamos o jogo. Havia mexicanos, brasileiros, suíços, italianos, espanhóis, coreanos, japoneses etc. Msa por que estou contando do jogo? Jogar pode até ser divertido, mas se assistir é um saco - em minha humilde opinião - quanto mais ler sobre o jogo. Conto porque eu estava tendo um dia de Felipe Mello. Não a parte em que ele deu o passe pro Robinho, mas na parte em que ele estava baixando a lenha na galera.

Não foi proposital (na maioria das vezes), mas me puseram na zaga e no nosso campo de defesa havia um baita dum brejo. Aí eu escorregava e deburrava a galera. Teve um caso específico em que eu corri atrás de um mexicano e escorreguei com tudo. O carrinho por trás resultante fez o moleque literalmente voar. Todo mundo fez "woooooaaaaaah!".

Aí acabou a pelada e foi começar o campeonatozinho mesmo. Eu novamente na zaga, deslizei pra roubar a bola de um mexicano magrelo e tampinha e ele não aguentou e caiu (embora eu tenha entrado na bola). O problema foi que, um segundo após começar a queda do mexicano, um japonês gigante destrambelhado que estava logo atrás do mexicano também sofre o impacto do choque e voou. Parecia um coqueiro voando. Aí o juiz me deu cartão amarelo e disse para eu me comportar. No outro jogo, eu levei um tabefe na cara que deixou a marca dos meu estilosíssimos óculos transition na minha cara. No último jogo, um mexicano me deu uma joelhada na bunda durante a cobrança de escanteio. Cadê o juiz nessas horas? Cadê? Galera dando o haduken no nosso time e nada! Mas o zagueirão aqui vingou o time fazendo os mexicaninhos magricelas voarem alto em entradas perfeitamente na bola! Hehe.

Aí chegou hoje. Estou todo destruído. Minhas costas doem horrores de tantas vezes que me batera e minhas pernas estão raladas de tanto deslizer na grama pradar carrinho. Mas hoje foi um dia bom! Já recebi duas avaliações pessoais de dois professores diferentes e um (o da aula de Escuta e Pronunciação) me deu tudo execelente e disse que meu "vasto conhecimento contribui muito para a qualidade das aulas". A professora de quem falei na última postagem também me avaliou e entregou o papel dizendo que "debato bem e inspiro os outros com minhas idéias". Olha aí!

Meu francês está melhorando bastante e leio política e economia todo dia no jornal. Não apenas, debato também com alguns dos professores aqui (tudo de esquerda) com os quais fiz amizade.

Graças a Deus tudo se passa bem!

domingo, 11 de julho de 2010

Ville de Québec

Hoje fui a Québec (pois ontem nao rolou). Minhas impressoes das outras cidades da provincia de Québec sao bem diferentes da impressao que eu tenho de Montréal: sao positivas. Montréal é cheia de gente antipatica e imigrantes arrogantes com bola alta porque nao moram mais nos seus paisecos de origem. Ninguem faz questao de ser agradavel, nao fazem questao de se fazerem compreender e todo mundo é de esquerda. Eu, hein.

Sou muito mais a area rural. Paravamos para ir ao banheiro em postos de gasolina e o atendimento era muito cordial. Se eles viam que nao éramos francofonos, eles falavam mais devagar e muito tentavam até falar inglês! Nao somente, as mulheres sao mais bonitas do que em Montréal também. Sei que nessa hora a dignissima e suas aliadas (minha mae, minha irma, minhas tias e minhas primas; é uma conspiracao) estao pensando: "Sei. Conte mais, bandido. So nas menininhas, né, pilantra?". Meus amores, essa foi so uma constataçao estética objetiva. As mulheres sao mais bonitas. Sao as descendentes dos quatro povos que formaram o Quéebec: Inglaterra, Irlanda, Escocia e França. Em Montréal, além do povo ser chato, eu nao acho bonito a miscigenacao de gente do Bangladesh com da Tanzania, por exemplo. But hey, that's just me.

Sim, a viagem. Primeiro fomos para as Quedas de Montmorency. Muito bonito e tudo mais. Mas eu curti mais mesmo o fato de Montmorency ter servido de mirante para as tropas inglesas de James Wolfe, que atravessaram o Rio Sao Lourenço na calada da noite de 31 de julho de 1759 e dominaram as tropas francesas do Marques de Montcalm na Ilha de Orléans, o que tirou a America do Norte como opcao para palco de operacoes francesas para a Guerra dos 7 Anos. Ou seja, os franceses foram derrotados na America do Norte e o Québec caiu em maos anglofonas, nas quais permanece até o dia de hoje. Infelizmente, tanto Wolfe como Montcalm morreram na batalha, sendo duas grandes perdas para a historia militar. De todo modo, foi super legal estar no morro em que estavam as tropas de Wolfe mais de dois séculos atras! Quase desmaiei. Pra situar os perdidos, o célebre "O Ultimo dos Moicanos", romance de James Fenimore Cooper, retrata essa guerra (nao a batalha em especifico, mas a guerra na qual ela tomou parte).

Depois do meu transe historico-militar, desci o morro pela lado oeste das cataratas e fui la me encharcar com a nevoa, igual nas Quedas do Niagara. As Quedas de Montmorency nao têm a furia das do Niagara, mas sao 20 metros mais altas e proporcionam um bom banho! Apos as quedas fomos almocar.

Findado o almoco, fomos para a Colina do Parlamento de Québec e para o Observatorio da Capital. Muito legal mesmo. Deu pra ver as muralhas de Vieux-Québec (a cidade velha) e a Citadela. Québec Ville é a unica cidade fortificada da America do Norte. Depois disso, fomos para a cidade velha - que é dentro das muralhas. Descemos na Place d'Armes (Praça das Armas). Vi a estatua de Samuel Chaplain, fundador da provincia, e o Château Frontenac, onde o governador-geral da provincia morava. Fui entao para a rua de comercia mais antiga do pais e, logo apos, fiz meu tour pelas igrejas (que é o que mais me encanta).

Comecei pela charmosissima Igreja de Nossa Senhora das Vitorias, dedicada à Santa Genoveva. Segui entao para a Catedral Anglicana, que é imponente e majestosa. Realmente muito bonita. Foi ai que comprei um pequeno crucifixo de madeira.

Parentese: na escola de linguas onde estudo frances, a professa nao gosta quando nas atividades interativas eu mesclo meu aprendizado com minha fé. Por exemplo, no dia em que aprendiamos o condicional, o exercicio era "se eu fosse um ____, eu seria ____". No primeiro espaco, havia categorias como paises, personagens famosos e livros; aos quais eu respectivamente respondi Reino Unido (que ela detesta), Martin Luther (Lutero) - mas que ela leu Martin Luther King - e Institutas da Religiao Crista, de Calvino - que ela simplesmente disse "esse eu nao vou ler". Agora, se fosse um livro do Dalai Lama ou de algum autor muçulmano, nao tenho duvida que nao somente ela leria o titulo como perguntaria a respeito, como fez com o livro dos outros. Ora mais!

Ainda outro exemplo, um dia, ela perguntou a todo mundo o que ja tinhamos feito antes de ir pra escola. Evidentemente, ninguem tinha feito nada, so acordado e ido pra escola. Mas ela tentava desmiuçar qualquer coisa para que falassemos francês. Ai chegou minha vez:

EU: Acordado, fz minhas preces, liz a Bîblia e estudei teologia com o livro de um escritor ingles chamado...
ELA: OK, proximo.

Como eu nao bagunco na aula, nao durmo, nao chego atrasado e me esforco, um senhor que faz aula conosco me elogiou pra ela, que disse que eu devia ter bons pais. Confirmei que era verdade, mas que se nao fosse Cristo, eu... "Ok, vamos pra aula!" - disse ela.

Ora, ja que nao posso falar e meu testemunho sera visto como apenas influencia dos meus pais e nada mais, vou usar minha cruz como modo para "instar a tempo e fora de tempo". É uma pequena e simples cruz, que me lembrou do hino "Old Rugged Cross", traduzido ao portugues como "Rude Cruz".

Parentese (dos grandes) fechado.

Saindo da Catedral Anglicana, fui para A Basilica de Nossa Senhora do Québec, que estava tendo um recital de orgao. Foi fenomenal. Segui entao para a Igreja Presbiteriana de Santo André, que - infelizmente - estava fechada. Segui entao em direçao à Capela do Sagrado Coraçao, que é onde fica a associaçao do missionarios que cristianizaram os indios pagaos no Québec. E logo do outro lado da rua, entrei na Igreja Metodista, que foi onde fui mais calorosamente acolhido.

De fato, uma linda cidade. Eu até achei o endereço da Igreja Batista, mas ela ficara fora das muralhas da cidade velha e nao dava pra ir a pé. Saimos de Québec e chegamos a Montréal pontualmente às 20h, coforme previsto.

Mais uma viagem proveitosa e segura, graças ao onipotente e triuno Deus.

sábado, 10 de julho de 2010

O Grande Idiota

Eu sou o grande idiota do titulo. Nesse momento, era para eu estar numa ônibus em direçao a Quebéc Ville, mas estou aqui me esculhambado num blog que ninguém lê. Por que sera?

Passei a semana agitando a viagem pra Québec na escola com uma agencia chinesa, que custaria muito menos do que viajar pela escola. Com aquela empolgaçao de quem descobriu a soluçao para o problema da galera, sai por chamando "Vamos pra Québec! É barato demais com a as agencias chinesas! Vamos!". Organizei a galera, recolhi o dinheiro e gracas a mim, 15 assentos do ônibus foram ocupados hoje.

O pessoal perguntava como eles conseguiam ser tao baratos. Para os nao tao proximos, eu era sincero ("nao sei"). Para os colegas, eu aproveitava para responder à la Scott Adams: "Esses chineses devem usar trabalho escravo, entao nao somente reduzem o custo como também nao têm de se preocupar se o trabalho feito na sexta é de mais baixa qualidade do que no resto da semana! Hihi". Infame? sim. Politicamente incorreto? Demais. Mas ninguém se importava, iriamos à Québec pela metade do preço!

Ai chegou hoje, o dia da partida. Eu e Braulio - o mexicano que mora na mesma casa que eu - saimos cedissimo e fomos ao metro. Sao 15 estacoes ate Chinatown, em francês: le quartier chinois. Na quinta estacao, conferi o comprovante de pagamento meu e de toda a galera e vi que havia esquecido. Eram 06h30 e tinhamos de partir às 07h00. Disse pra Braulio continuar sem mim e voei pra casa.

No metro voltando pra casa, a porcaria do trem do metro para por 5 minutos devido a um defeito. Quando finalmente chego na estacao, vou correndo pra estacao do onibus, mas acertei a cintura na catraca da saida do metro (estava com defeito), o que me atrasou um pouco mais. Peguei o onibus e cheguei em casa. Como eu havia coletado o dinheiro da galera e pagado pra todo mundo, eu estava com o recibo do grupo.

Sai de casa e vi que o onibus nao ia passar por mais outros 10 minutos. Ja eram 06h45. Corri como nunca em direcao ao metro. Natan Bolt. Eu cuspi os bofes, estava com um palmo de lingua de fora e eu colocaria ainda outra dessas expressoes da infancia de meus pais para enfatizar meu esforco caso eu soubesse mais alguma. Enfim, voei.

Cheguei no metro (que é a ULTIMA estacao da linha) e tive que esperar 10 minuto devido ao horario de sabado. AHHHHHHHH! Estava pensando em como ia me desculpar com a galera por ter aparecido atrasado com os recibos e tal. Apos chegar - às 7h15 - em Chinatown no local acordado, percebi que a preocupacao da desculpa que tive no metrô foi desnecessaria, pois eu havia perdido o busao.

Encontrei um cara la da agencia e perguntei se ja tinha saido o grupo pra Québec Ville. "Sim" - respondeu o agente chines - "e todos os seus amigos embarcaram e estao agora em direcao a Québec." Embora feliz que os planos da galera nao tivessem sido frustrados por minha causa, senti-me um baita dum idiota por ter feito essa epopeia toda pra nada.

Felizmente, encontrei lugar na viagem de amanha e, embora tendo que pagar uma taxa pra ir amanha, ainda compensa mais do que ter ido com a escola. So é uma pena que eu nao fui com o grupo que agitei tanto durante a semana pra ir.

Efetuei o pagamento e voltei pra casa. Fui pegar o metro pra voltar pra casa e pensar no que escreveria aqui. Acabei absorto nos meu pensamentos e perdi a estaçao da baldeaçao, pois eu sou muito idiota mesmo. Burro! Burro! Burro!

Cheguei em casa 30 minutos depois do que eu teria chegado se estivesse atento a baldeacao e, ao chegar, ainda descobri que consegui a proeza de entupir a banheira da mulher aqui da casa. Eu ja me sentiria um monstro se eu tivesse entupido a privada e todo mundo aqui pensasse "cagao!" sempre que me vissem. Mas, po, como é que alguem entope uma BANHEIRA? Eu so tomei banho normal. Passei 20 minutos com o desentupidor la sem sucesso algum e a mulher dizia para eu nao me preocupar, mas estava olhando pra mim com aquela cara de "mas que grande merda vc fez, hein, seu idiota!"

Uma vez contada essa triste historia, aqui estao minhas resolucoes para evitar futuros transtornos:

1. Preparar documentacao da viagem na noite anterior enquanto estiver bem desperto, nao depois de haver jogado Farao;

2. Conferir se a documentacao é realmente necessaria;

3. Nao sonhar acordado no metrô; e

4. Tomar banho de mangueira no jardim.