sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sono dos justos


Peguei ontem a Carta Capital em que figurava o presidente do Irã e abri na reportagem de capa, de autoria de Antonio Luiz Costa, que tinha como headline (não sei se é o termo certo): “O regime de Khomenei e Ahmadinejad no Irã é autoritário, mas não primitivo, nazista ou louco”.

Pra justificar isso, Antonio Costa enche a reportagem de estatísticas (confiram aqui). Engraçado que esse pessoal não aceitaria esse tipo de argumentação na defesa, por exemplo, do período militar brasileiro, que foi muito mais mole e condescendente do que os de nossos vizinhos e ainda cresceu-se alguma coisa. Longe de mim defender autoritarismo, mas autoritarismo por autoritarismo, é mais fácil defender os generais do que um cara que abertamente apregoa a varredura de Israel do mapa e negou a existência de homossexuais em seu país (tomou as dores?).

Essa de “é autoritário, mas não louco e blábláblá” soou-me algo como “ele só espanca velhinhas, não é como se ele estuprasse crianças, odiasse negros e praticasse sacrifícios humanos”. Também, essa história de Ahmadinejad e programa nuclear é tal qual a do sujeito com antecedentes criminais a quem todos se recusam a vender um rifle, não obstante seus mais efusivos esforços em garantir que é apenas para caça esportiva.

Entretanto, cansado em ser o “do contra” e o “intrasigente” da turma, entro no clima: Ah, bom! Ufa! Ele é só autoritário, viu, gente, não que ele seja louco ou algo do tipo.

Graças ao Tonho da Carta, agora dormirei o sono dos justos.